Os primórdios da história e a civilização romana

A história do local onde se viria a erguer a cidade de Elvas começa no período designado por Idade do Ferro. No entanto, a história desta região tem o seu princípio muito antes de surgir essa primeira fortaleza do Ferro. Dada a fertilidade dos campos deste local, cedo se estabeleceram aqui as primeiras populações e claro está, deixaram o seu rasto no magnífico património megalítico que polvilha as herdades do concelho de Elvas. Há que recuar até ao período do Neo-Calcolítico, mais ou menos entre o 4000 a. C. e 1800 a. C. para começar a contar esta história, embora haja também diversos vestígios do Paleolítico como é o caso da jazida das Caldeiras. É no entanto no período do Neo-Calcolítico que surgem os primeiros marcos arquitectónicos construídos pelo Homem: as antas. Actualmente existem 22 no concelho de Elvas.

Hoje grande parte desta enorme colecção de antas, cromeleques, necrópoles e simples povoados é visitável através de circuitos que qualquer um pode fazer desde que possua um 4×4. Embora muitos destes monumentos estejam em propriedades privadas, outros há que se situam junto a caminhos rurais, em locais aprazíveis onde ao mesmo tempo que observa a paisagem poderá saborear um belo piquenique alentejano.

Como disse anteriormente, o local onde Elvas está implantada, aquele monte íngreme que a sul e a oeste cai em forma de anfiteatro, nasce a partir da Idade do Ferro. A Idade do Ferro é um período histórico marcado pelo aparecimento de várias inovações, entre as quais o aparecimento de artefactos de ferro e do torno do oleiro. Estas novas invenções não trouxeram só a melhoria de condições de vida, mas trouxeram também a melhoria das condições de guerra, tornando possível a construção de melhores armas. Tal facto, levou a que a pouco e pouco as populações se vissem obrigadas não só a viverem mais juntas, mas também a viverem em locais de fácil defesa. É assim que nascem os primeiros habitats nos locais mais ermos, como é o caso de Elvas.

Estes povoados fortificados podiam constituir uma entidade política autónoma e os seus habitantes viviam com base numa economia agro-pastoril, extraindo algum ferro e estanho de minas da região. O melhor exemplo destes povoados/castros é indubitavelmente o Castro de Segóvia, entre Elvas e Campo Maior, onde se detectaram contactos abundantes com populações mediterrânicas ao encontrarem-se cerâmicas púnicas e gregas. Até ao séc. I a. C., a povoação manteve no essencial as suas características.

Os romanos chegaram à Península Ibérica em 218 a. C. Quando aqui chegam, encontram o povoado celta de que falámos anteriormente. Em 155 a. C. já estava conquistado e muito embora a Guerra Lusitana que se seguiu (155-138 a. C.), a vitória romana afigurou-se fácil e a pouco e pouco o território foi sendo colonizado. Com as novas divisões administrativas, o povoado, que haveria de ser Elvas, ficaria situado na Lusitania, em plena fronteira com a Baetica. Não se conhece o nome deste povoado romano. Embora uns historiadores apontem para o topónimo romano Alba, não há provas de tal situação.

Os romanos não deixam de aproveitar o povoado como uma pequena fortificação. Aqui terão erguido um pequeno castellum que vivia na esfera de Pax Augusta (Badajoz) e que patrulhava as trocas comerciais e os transeuntes da via romana que ligava Emerita Augusta (Mérida) a Ebura (Évora) e Olisipo (Lisboa).

Os grandes vestígios romanos que hoje existem no actual concelho de Elvas são, ainda assim, os vestígios rurais: as suas villae. No Concelho de Elvas estão identificadas 23 villae , 15 necrópoles , duas pedreiras e inúmeros habitats e outros achados isolados .

Seguiu-se a implantação visigótica que começou a partir de 470 mas só se tornaria plena a partir de meados do séc. VI e entraria numa lenta decadência a partir de 585 até à conquista islâmica. Durante estes séculos poucos foram os vestígios que chegaram até nós para termos certezas sobre a presença visigótica em Elvas. Dois fragmentos de pilastra em mármore foram achados, um na Rua de João de Olivença e outro nas traseiras do Convento de São Domingos que parecem pertencer a um mesmo edifício. Mas dizer mais que isso seria especular.