O século XVIII: barroco e novas fortificações

Com a morte de Carlos II de Espanha em 1699 sem descendentes aparecem dois pretendentes ao trono espanhol: Filipe, Duque de Anjou, neto do Rei de França Luís XIV e o Arquiduque Carlos, filho do Imperador Leopoldo da Áustria. O tratado assinado a 16 de Maio de 1703 leva Portugal a optar pelo segundo e a ser envolvido na que ficou chamada como Guerra da Sucessão de Espanha.

Com a Guerra da Sucessão, Elvas teria novamente que se preparar para a luta armada. Em 1704, aplicaram-se três mil cruzados na construção de mais quartéis. Fez-se a Casa das Barcas entre 1703 e 1705 e o Quartel do Trem para fabrico, reparação e armazenamento de armas.

A invasão chegou em 1704. No ano seguinte, o General D. António Luís de Sousa reune em Elvas um exército de 2000 infantes e 5500 cavalos e vai colocar cerco a Badajoz. No dia 11 de Outubro começa a abater as muralhas mas a resistência espanhola e a entrada de novas munições na cidade levaram o general português a abandonar o intento. O último conflito desta guerra nesta zona foi o cerco de Campo Maior. Em 1713 era assinado o Tratado de Utrecht sem a assistência de Portugal que assina a paz com Espanha apenas em 1715.

A preocupação com a defesa de Elvas não desvaneceu. A preocupação com os estudos militares dos oficiais portugueses levou a coroa em 1732 a resolver criar mais duas academias para além das de Lisboa e Viana do Castelo, agora em Almeida e em Elvas. Nela aprendia-se o ataque e a defesa das praças, bem como a fortificação, as construções civis, a topografia e o levantamento de cartas geográficas. Passou depois a funcionar em Estremoz porque era ali a sede do regimento de artilharia.

O século XVIII é também o período da riqueza do barroco, um barroco que em Elvas se materializa nos esplêndidos altares da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, mas também no Santuário do Senhor Jesus da Piedade e nos Passos da Via Sacra. Já no final do século e em estilo rococó surgiria a Igreja de Nossa Senhora das Dores.

O incremento do comércio e o clima de estabilidade permitiram o aumento demográfico da cidade que só não crescia porque apertada pelas suas muralhas.

Mas como não podia deixar de ser, os problemas militares voltariam em 1761 quando Portugal não adere ao chamado Pacto de Família. Este pacto foi assinado entre os reis de França, Espanha e o Duque de Parma, todos da família Bourbon, de modo a defenderem-se de Inglaterra com quem estavam em conflito na Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Portugal não adere ao pacto por ser aliado dos britânicos e a invasão espanhola passou a ser iminente. Aconteceria um ano depois na região de Trás-os-Montes naquela que ficaria conhecida como Guerra Fantástica, tendo-se ocupado a região de Chaves, Almeida e a colónia de Sacramento no Uruguai. A região de Elvas não sofreu qualquer ataque e o Tratado de Paz de Paris assinado a 10 de Fevereiro de 1763 terminou com os combates.

Ainda assim, o governo português percebia que apesar desta vez ter ficado de fora, a cidade de Elvas necessitava de ser ainda melhor defendida, evitando a invasão da fronteira por parte do inimigo espanhol. Começam-se por construir os Quartéis do Casarão nas traseiras do Convento de São Domingos e enceta-se a edificação do magnífico Forte da Graça, fazendo agora de Elvas a maior fortificação abaluartada terrestre de todo o mundo.